segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Notícia


Uma equipe de pesquisa da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, desenvolveu um material para impressão 3D que produz um implante ósseo sintético que induz rapidamente a regeneração e o crescimento ósseo. Este material “ósseo” hiperelástico, que pode ser facilmente personalizado, poderá ser especialmente útil para o tratamento de defeitos ósseos em crianças.
A cirurgia de implante ósseo nunca é um processo fácil, mas é particularmente dolorosa e complicada para as crianças. Tanto para adultos quanto para crianças, o enxerto ósseo é frequentemente retirado de outras partes do corpo para substituir o osso danificado, o que pode levar a outras complicações e provocar muita dor no paciente. Implantes metálicos são usados ​​às vezes, mas esta não é uma solução permanente para crianças (em crescimento).
"Os adultos têm mais opções quando se trata de implantes", disse a Dra. Ramille Shah, que liderou a pesquisa. "Os pacientes pediátricos não. Se você lhes indicar um implante permanente, você tem que fazer mais cirurgias no futuro à medida que crescem. Eles podem enfrentar anos de dificuldades".
A Dra. Ramille e sua equipe têm como objetivo mudar a natureza dos implantes ósseos, e eles querem sobretudo ajudar os pacientes pediátricos. A Dra. Ramille é professora assistente de ciência dos materiais nas Escolas de Engenharia e de Medicina da Universidade Northwestern.
O novo estudo, avaliando o material com células estaminais humanas e em modelos animais, foi publicado na última semana de setembro pela revista Science Translational Medicine. O Dr. Adam Jakus, que faz pós-doutorado no laboratório da Dra. Ramille Shah, é o primeiro autor da publicação.
O novo biomaterial para impressão 3D produzido pela equipe da Dra. Ramille é uma mistura de hidroxiapatita (um mineral de cálcio encontrada naturalmente no osso humano) e um polímero biocompatível e biodegradável, que é utilizado em muitas aplicações médicas, incluindo suturas. O material “ósseo” hiperelástico produzido mostrou ser promissor em modelos animais in vivo; este sucesso se deve às propriedades únicas da estrutura impressa. O novo biomaterial é hiperelástico, robusto e poroso nos níveis nano, micro e macro.
"A porosidade é fundamental quando se trata de regeneração de tecidos, porque você quer que células e vasos sanguíneos se infiltrem na estrutura", disse a Dra. Ramille Shah. "A nossa estrutura 3D tem diferentes níveis de porosidade, o que é vantajoso para as suas propriedades físicas e biológicas".
A hidroxiapatita induz a regeneração óssea, mas também é um material de difícil manipulação: como uma cerâmica, é um material duro e frágil. O novo biomaterial proposto pelos pesquisadores da Universidade Northwestern, no entanto, é composto por 90 por cento em peso de hidroxiapatita e apenas 10 por cento em peso de polímero, e mantém a sua elasticidade devido à maneira como a sua estrutura é concebida e impressa. A alta concentração de hidroxiapatita cria um ambiente que induz a regeneração óssea rápida.
"As células podem sentir a hidroxiapatita e responder à sua bioatividade", disse a Dra. Ramille. "Quando você coloca as células-tronco nas nossas estruturas, elas se transformam em células ósseas e começam a regular a expressão de genes específicos do osso. Isto é, na ausência de quaisquer outras substâncias osteo-indutoras. É apenas a interação entre as células e o material em si ".
Isso não quer dizer que outras substâncias não possam ser combinadas para a impressão 3D. Uma vez que o processo de impressão 3D é realizado à temperatura ambiente, a equipe de pesquisa foi capaz de incorporar outros elementos, tais como antibióticos, no material.
"Nós podemos incorporar antibióticos para reduzir a possibilidade de infecção após a cirurgia", disse a Dra. Ramille. "Também é possível combinar o material com diferentes tipos de fatores de crescimento, se necessário, para melhorar ainda mais a regeneração. É realmente um material multifuncional".
Uma das maiores vantagens, no entanto, é que o produto final pode ser personalizado para o paciente. Em cirurgias de transplante ósseo tradicionais, o osso - depois que ele é retirado de outra parte do corpo - tem que ser moldado para encaixar exatamente na área onde é necessário. Usando o novo material sintético, é possível digitalizar o volume necessário e produzir a impressão 3D como um produto personalizado para o paciente. Alternativamente, devido às suas propriedades mecânicas, o biomaterial também pode ser facilmente aparado ou cortado para o tamanho e forma necessários durante um procedimento.

Fonte: Megan Fellman e Amanda Morris, Universidade Northwestern.  Imagem: Adam E. Jakus.

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