terça-feira, 16 de junho de 2015

Artroscopia de joelho ?


Cicatriz em joelho operado de Ronaldo Fenômeno: cirurgia traz poucos benefícios para pessoas de meia idade, segundo novo estudo
Foto: Ivo Gonzalez/ 30-05-2002

Cirurgia não é solução para dores ou problemas no menisco e ainda pode causar trombose venosa profunda em pacientes de meia idade ou mais velhos
Os benefícios das cirurgias de joelho em pessoas de meia idade ou mais velhas são sem importância e têm potencial nocivo, diz estudo publicado na “British Medical Journal” que vai contra a cirurgia artroscópica (procedimento que cirurgiões ortopedistas usam para ver, diagnosticar e tratar problemas dentro de uma articulação) como solução para dores persistentes no joelho ou problemas no menisco.

O artigo é parte da campanha “Too Much Medicine”, da BMJ, que enfoca a ameaça à saúde e a perda de recursos causados por cuidados desnecessários. Mais de 700 mil artroscopias no joelho foram feitas nos EUA a cada ano (no Reino Unido são 150 mil por ano) em adultos de meia idade em diante com dores persistentes no joelho. 

Pesquisadores dinamarqueses e suecos revisaram 18 estudos sobre os benefícios e danos das cirurgias artroscópicas em comparação com diversos tratamentos — de cirurgia placebo a exercícios — para pessoas a partir da meia idade que sofriam com dores nos joelhos.

A maioria dos estudos sobre os benefícios careciam de um grupo de controle para fazer a comparação e os trabalhos sobre os danos eram geralmente de má qualidade.
Nove ensaios randomizados envolvendo 1.270 pacientes relataram benefícios da cirurgia em pacientes com idades entre 48 e 63 anos e tempo de acompanhamento de três a 24 meses. Acima de tudo, a cirurgia foi associada a um efeito pequeno, mas significativo, na dor no período de três a seis meses (não mais que isso) em comparação com os tratamentos de controle. Nenhum benefício significativo na função física foi encontrado.

Outros nove estudos relatando danos descobriram que, embora rara, a trombose venosa profunda (TVP) foi o evento adverso mais frequentemente relatado, seguido por infecção, embolia pulmonar (um bloqueio da principal artéria do pulmão) e morte.

“É difícil justificar um procedimento com potencial de dano grave, mesmo que raro, quando esse procedimento oferece aos pacientes um benefício não maior que o placebo”, argumenta o professor Andy Carr, da Universidade de Oxford, em editorial de acompanhamento do artigo na BMJ. “Com as taxas de cirurgia ao seu nível atual, um número substancial de vidas poderiam ser salvas eTVPs evitadas todos os anos se este tratamento fosse interrompido ou diminuído”, acrescenta.

Carr acredita que “podemos estar perto de um ponto de inflexão”, onde o peso das evidências contra a cirurgia artroscópica no joelho seja suficiente para superar as preocupações sobre a qualidade dos estudos, preconceito e interesses escusos. Quando esse ponto for alcançado, ele conclui, “devemos esperar uma reversão rápida da prática estabelecida”.

Fonte: 
http://oglobo.globo.com/sociedade/saude/artroscopia-de-joelho-nao-traz-beneficios-diz-estudo-16459689

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Prótese permite sentir 'tato' de pé amputado


Ex-professor diz que prótese lhe deu um novo 'sopro de vida'

Sensores aplicados à base do pé artificial transmitem informações para nervos do paciente

Cientistas da Áustria criaram uma perna artificial que permite que o amputado volte a ter sensações semelhantes ao tato em seu pé.

"Sinto como se tivesse um pé novamente", disse o paciente Wolfang Rangger, que perdeu sua perna direita em 2007. "É como receber um sopro de vida."

O pesquisador Hubert Egger, da Universidade de Linz, explica que sensores presos na palmilha do "pé" artificial estimulam nervos na base do coto - a parte do membro que ficou após a amputação.

Segundo Egger, esta foi a primeira vez que um paciente com uma perna amputada ganhou uma prótese do tipo.

Como funciona

Sensores aplicados à base do pé artificial transmitem informações para nervos do paciente.

Para recuperar esta sensação no paciente, cirurgiões primeiro tiveram que reposicionar os nervos na base de seu coto que ficassem mais próximos à superfície da pele.

Seis sensores foram acoplados à base da prótese, para medir a pressão imposta ao calcanhar e aos dedos artificiais, assim como o movimento dos pés.

Os sinais emitidos são captados por um minicontrolador, que os retransmite para estimuladores posicionados na prótese, no ponto onde ela toca a base do membro amputado.

Estes componentes vibram, estimulando os nervos, que enviam sinais para o cérebro.

— Os sensores dizem ao cérebro que o pé existe, e o paciente tem a sensação de que o está se erguendo do chão quando caminha.

Menos dores

Rangger, um ex-professor de 54 anos que perdeu a perna após um coágulo causar um acidente vascular, vem testando a prótese há seis meses, tanto no laboratório quanto em casa.

Paciente vem testando nova prótese há seis meses, no laboratório e no dia a dia.

— Não escorrego mais no gelo e posso dizer se estou andando sobre cascalho, concreto, grama ou areia. Sinto até mesmo pequenas pedras", diz ele, que também pratica corrida, ciclismo e escalada.

Outro grande benefício foi a redução das dores que sentia de seu "membro fantasma", mesmo anos após ter sido amputado.

Egger diz que isso ocorre porque o cérebro agora recebe informações concretas em vez de buscar pelo membro que falta.