Na vida adulta, as flores param de girar, e ficam voltadas para o oriente até morrerem; novo estudo explica a razão.
Dois
terrenos no Parque do Prado, em Campinas (SP), atraem moradores
curiosos pelo número de girassóis (Foto: Felipe Albertoni/G1)
Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Davis, nos Estados
Unidos, descobriram a resposta para a interrupção dos movimentos dos
girassóis, que acompanham a trajetória do astro de leste a oeste todos
os dias, e de repente param de fazê-lo, até morrer.
O estudo, publicado na edição desta semana da revista científica
"Science", esclarece a mudança na rotina dos girassóis a partir da vida
adulta, o que sempre foi um mistério para os cientistas. De acordo com a
pesquisa, a resposta está nos ritmos circadianos, o relógio interno dos
girassóis.
O ciclo de um girassol é sempre o mesmo: todos os dias, despertam e
acompanham o Sol como as agulhas de um relógio. A noite, percorrem o
sentido contrário para esperar novamente sua saída na manhã do dia
seguinte.
Mas um dia deixam de fazê-lo, alcançam a maturidade e param com essa
movimentação. A partir de então, não voltam a girar pelo resto da vida, e
ficam voltados para o oriente indefinidamente, até morrerem.
O heliotropismo favorece o crescimento das flores (Foto: Reprodução/ TVCA)
Crescimento desigualDepois de uma série desses testes, os biólogos americanos descobriram que uma parte do talo dos girassóis se estica durante o dia, e outra à noite.
Os pesquisadores colocaram os girassóis em vasos, obrigando as flores a ficarem na posição voltada ao leste na parte da tarde. Em outros casos, imobilizaram os talos, impossibilitando o giro. E ainda colocaram algumas plantas com ciclos diários de 30 horas, em vez de 24.
Como consequência, os girassóis afetados perderam até 10% da biomassa e o tamanho das folhas também foi reduzido visivelmente.
Isso é explicado porque, ainda que a presença da luz seja fundamental, é o ritmo circadiano o que realmente determina quando o girassol gira e quando deixa de fazê-lo, antecipando, de alguma forma, a chegada do Sol.
Este movimento, chamado de heliotropismo pelos cientistas, favorece o crescimento da plantas. É um sistema muito eficiente para o desenvolvimento porque lhes permite aproveitar ao máximo a luz do Sol, vital para a fotossíntese, ao mesmo tempo em que fomenta a produção de auxinas, os hormônios do crescimento.
Reprodução
Uma
abelha coberta de pólen voa para um girassol em um campo perto de
Frankfurt, no leste da Alemanha (Foto: Patrick Pleul/dpa via AP)
"Os girassóis imaturos seguem se movimentando com o Sol, mas, quando
amadurecem, se acomodam, e passam a olhar apenas para o leste", afirma o
estudo.
É o crescimento desigual dos talos que provoca o giro. E quando deixam de crescer, deixam de girar.
E não há dúvidas de que, para os girassóis, há vantagens em ser maior
do que os outros. Quando se acomodam, as flores maiores desprendem um
calor adicional, o que as torna mais atrativas para os polinizadores. E a
polinização, por sua vez, permite que esse girassol "velho" se
reproduza, perpetuando a espécie e começando, novamente, o seu baile em
busca do Sol.
Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2016/08/pesquisadores-desvendam-o-misterio-por-que-os-girassois-de-repente-param-de-seguir-o-sol.html